quarta-feira, 9 de abril de 2014


estória para Lueji


é uma vez uma menina de muitíssimos soluços. tantos, que precisava de intervalo de soluço para respirar. não brincava a menina, pois tinha era que fazer medições pulmonares a fim de calcular inspira e expirações. para dormecer, era necessário pedir alguém soluçasse por ela, só assim ela se entregava a sonho sem sobressalto de peito. essa menina tinha um jacó: de tanto imitá-la, o jacó ganhou vício de soluçar, quase-quase igual nela. a menina tinha uma flor: um dia tocou na flor num momento assoluçado, pelo que a flor ganhou solucências também. um dia, uma abelha pousou na flor, e assim seu voo ficou abrupto de soluços. essa abelha pousou num lago, e tanto peixes como montanhas, já ninguém sabia de viver sem assoluçar. foi assim que o mundo se tornou ele próprio um soluço em todo o universo. hoje – desconto-lhe esse segredinho só para si – já ninguém nota isso porque a terra contagiou uns tantos planetas: o todo universo se soluça constantemente. assim, dividindo essa enorme soluçada, ninguém sabe que todos vivemos em saltitados assoluçamentos.

se não me põe crenças, queira explicar: porque vive o sol em tanta e tão amarelada sede?


[enquerendo conhecer a outra vertente desta estória, procure wandy]

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