domingo, 27 de julho de 2014

No Cabaré-Verde - Arthur Rimbaud



No Cabaré-Verde
às cinco horas da tarde


Depois de oito dias, larguei as botinas
Pelo caminho. Eu entrei em Charleroi.
— No Cabaré-Verde: pedi torradas finas,
Manteiga e presunto, que é frio o lugar.

Feliz, estiquei as pernas sob a mesa
Verde: e contemplei os toscos motivos
Da tapeçaria. — E foi uma beleza
Quando a vi, enormes tetas, olhos vivos,

É ela! Não é um beijo que a apavora!
Risonha, trouxe a refeição na hora,
O presunto tostado, num belo prato,

O presunto róseo e branco perfumado
Pelo alho — e encheu-me o copo ávido
De espuma brilhante como um raio de sol.


Arthur Rimbaud
Outubro de 1870



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